Teatro Crítica: Conversando com mamãe: Beatriz Segall e Herson Capri dão um banho de emoção em peça que faz refletir sobre o distanciamento nas relações humanas
Quando fala ao coração
O texto do argentino Santiago Carlos Oves (1941-2010) adaptado para o teatro pelo dramaturgo Jordi Galcéran é, sem dúvida, uma emocionante história entre uma senhora de 82 anos, aparentemente incauta e inocente, e seu filho, um empresário de meia idade em crise econômica e preocupado apenas com seu restabelecimento financeiro e a recuperação do seu prestígio na sociedade. A peça nos faz refletir sobre a escassez do afeto nas relações familiares e a fluidez das relações humanas no mundo de hoje. Beatriz Segall e Herson Capri estão primorosos. Os dois atores defendem seus papéis, com grande categoria. Beatriz é uma das mestras da arte de representar no Brasil; e Herson, um ator cada vez melhor. Em trabalhos altamente marcados pela delicadeza, eles extraem de suas personagens profundas lembraças acre-doces, inundando o palco de emoção.
Direção sensível favorece muito brilhantes atuações
Toda encenação favorece o desempemnho dos atores: cenário, figurinos, iluminação e trilha sonora formam um todo perfeito.
O cenário (Marcos Flaksman), que mostra o interior de uma casa, impõe-se pela simplicidade, e tem sua beleza realçada pela iluminação (Paulo César Medeiros, sempre competente. Os figurinos (Kalma Murtinho, maravilhosa) exibem o apuro técnico e o acabemento perfeito da grande profissional. A trilha sonora (com música original de Alexandre Elias), dá o tom certo às ações e define bem os climas de tensão desta comédia-dramática, recheada de graça e suavidade
A direção de Suzana Garcia e Herson Capri é de primeiríssima linha. Eles realizam um trabalho caracterizado pela sensibilidade e delicadeza à flor da pele. Toda direção deixa nítida suas intenções de mostrar emoção, sem exageros, onde mais é sempre menos.
Conversando com mamãe é um dos espetáculos teatrais mais bonitos, cativantes e comoventes que a cidade do Rio de Janeiro apresenta ao público. Do alto de sua condição de grande dama, Beatriz Segall domina a cena, com uma interpretação equilibrada; mas nodatamente amparada por Herson Caspri num dos melhores desempenhos de sua carreira. Trata-se de uma montagem que nos mosta o quanto é válido e importante ir ao enconto do outro para que nossa vida seja menos dolorosa e insuportável. Por que não dizer, melhor.
(Reinaldo Lace, em 10/12/2010)
Local: Teatro Nelson Rodrigues (Avenida República Chile, 230, Centro. Tel.: 2262-8152)
Dias e horários: Sexta e sábado, às 20h. Dom, às 19h.
Ingresso: R$ 20, 00 (inteira) e R$ 10, 00 (meia)
Até: 10/07/2011
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