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Esse blog tem por finalidade divulgar e valorizar as mais variadas e ricas formas de expressões artísticas, como artes visuais, cinema, dança, música, literatura, e sobretudo, teatro.

sábado, 31 de julho de 2010

Teatro Crítica: Simplesmente eu, Clarice Lispector

Beth Goulart joga luz sobre a obra de Clarice Lispector num dos melhores espetáculos teatrais da última década.

Simplesmente, Beth Goulart

Não é de hoje que a obra intensa de Clarice Lispector ganha os palcos. Atrizes de diferentes gerações, como as excelentes Aracy Balabanian e Mariana Lima já deram vida à grande escritora nascida na Ucrânia; porém, radicada no Brasil, desde os 2 anos de idade. A atriz Beth Goulart, (também autora e diretora da peça) realizou um trabalho de pesquisa de dar inveja, que reuniu não só a obra da escritora quanto sua biografia e depoimentos de pessoas, que tiveram o privilégio de conviver com Clarice. O resultado: um dos melhores espetáculos teatrais da última década.

A escolha e a apropriação dos textos foram extremamente apuradas para ilustrar a personalidade de Clarice e sua verve literária. Um trabalho admirável, como a obra de Clarice Lispector.

Beth Goulart: luz e brilho próprios no palco

A encenação é primorosa. A cenografia (Ronald Teixeira) é de extraordinária beleza. Num dos cantos do palco, um simples e bonito assento se destaca na composição de todas as cenas, com o lindo acompanhamento de cortinas bem delineadas nas laterais e no fundo do palco. O figurino (Beth Filipeck) é muitíssimo elegante e de raro bom gosto. A iluminação (Maneco Quinderé) solta aos olhos. Além de completamente funcional, torna tudo ainda mais bonito.

O trabalho de direção de Beth Goulart tem supervisão de Amir Haddad, mas o mérito é todo dela no processo criativo, formando um todo cheio de magnetismo.

A atuação de Beth Goulart está acima de qualquer elogio. Com gestual elaborado por Márcia Rubim, sua composição de Clarice Lispector é magistral. No exato momento em que surge em cena, mesmo de costas para a plateia, Beth Goulart numa postura elegante e ereta, estabelece o difícil jogo cênico e ganha imediatamente o espectador. Sua performance revela a maturidade de uma atriz prontíssima para voos ainda mais altos.

Simplesmente eu, Clarice Lispector é um dos melhores espetáculos teatrais da última década, com uma interpretação de altíssimo nivel , que hipnotiza e enche o espectador de emoção.

(Reinaldo Lace, em 12/12/2009).

Local: Teatro Sesi

Dias: Terça e quarta

Horário: 19h30m.

Preço: R$40,00(inteira) e R$ 20,00 (meia).

Até: 18/05/2010.

Simplesmente eu, Clarice Lispector.

Esta foto foi tirada, em 10/12/2009, depois da apresentação do excelente monólogo "Simplesmente eu, Clarice Lispector", com Beth Goulart na melhor interpretação feminina de 2009 no teatro. No Sesc-Madureira.

segunda-feira, 5 de julho de 2010

A rainha em defesa do seu trono maior.

"As imagens são muito fortes, estão embaralhadas na minha cabeça. Dos muitos shows inesquecíveis que estreei naquele palco, àqueles a que assisti encantada na plateia. E ainda os particulares, nos bastidores, como na temporada de 'Brasileirinho', com Nana Caymmi e Miúcha, que prosseguiam cantando para mim no camarim até altas horas.

Lembranças como essas e tantas outras me acompanham, essa casa é muito importante na música popular, na minha vida e de nossa geração. Minha carreira está umbilicalmente ligada ao Canecão, que é a cara do Rio, ali na passagem de Copacabana para Botafogo. Tomara que aquele lugar continue para a música, o Rio merece uma casa com uma história tão forte.

Na temporada com Chico Buarque, ainda no tempo das canequetes que dançavam quase nuas no palco, incluindo a saudosa e querida Wilma Dias, que depois ficou famosa na TV como Wilma da Banana. Foram tantos shows que me emocionaram: Clara Nunes em 'Brasileiro: profissão esperança', Amália Rodrigues, Elizeth, Maysa, Caetano, Chico, Alcione, Marisa Monte, Adriana Calcanhoto, uma lista interminável...”


(Maria Bethânia)





Os shows inesquecíveis a que eu, Reinaldo Lace, assisti no Canecão:

1. MARIA BETHÂNIA / "Âmbar": Foi o primeiro show da cantora ao qual assisti. Dirigida porFauzi Arap, num espetáculo dividido em três atos, ela intercalava sucessos de sua carreira e músicas inéditas, com a poesia imortal de Fernando Pessoa. Era emocionante. Foi em 1997.

2. Concertos MPBr / MARIA BETHÂNIA e convidadas: A Abelha-Rainha recebeu no palco quatro convidadas: as então novatas Belô Veloso, Jussara Silveira e Vânia Abreu, e a veterana Alcione. Foi em 2000.

3. MARIA BETHÂNIA / "Maricotinha": Foi a primeira estreia de Maria Bethânia a que assisti. E assistir a uma estreia de Bethânia é sempre uma experiência inesquecível.

4. MARIA BETHÂNIA / "Brasileirinho": Dirigida pela primeira vez por Bia Lessa, a baiana cantava o Brasil desde a sua formação até os dias atuais, num show marcante. Era a verdadeira voz do Brasil no palco. E ainda, inaugurou as temporadas a preços populares na casa. Vi o show 12 vezes. Foi em 2004.

5. Gal Costa / "Todas as coisas e eu": Foi o primeiro show solo e de carreira de Gal ao qual assisti. Dirigida por Bia Lessa, era lindo ouvi-la cantar toda vestida de preto e num palco pouco iluminado "Assum preto" e "E daí?", sucesso na voz de Isaurinha Garcia. Foi em 2004.

6. Gilberto Gil / "Eletroacústico": O cantor e compositor esbanjava seu talento num show que virou CD e DVD. Foi em 2004.

7. Loucos por música / MARIA BETHÂNIA e convidadas: A baiana dividiu o palco com a carioca Dona Ivone Lara, a maranhense Alcione e a mineira Ana Carolina. O final com Bethânia, Alcione e Ana Carolina cantando "Fera ferida" foi apoteótico. Foi em 2005.

8. MARIA BETHÂNIA / "Tempo, tempo, tempo, tempo": Não é dos melhores shows da Abelha-Rainha. Mas Bethânia, sozinha, vale por um show inteiro e se basta. Foi em 2005.

9. MARIA BETHÂNIA / "Dentro do mar tem rio": Em 2007, ao cantar as águas dos rios e mares, a nossa cantriz inundou o palco da casa com sua voz, hoje, capaz de ser ao mesmo tempo forte e suave. Da plateia, concedi entrevista à repórter Angélica Paulo do Jornal do Brasil sobre o show, publicada na edição on line do jornal no dia 11/08/2007.

10. Omara Portuondo e MARIA BETHÂNIA: Um encontro de divas. Foi em março de 2008.

11. MARIA BETHÂNIA/"Amor, festa, devoção": No primeiro terço do show, Betânia entoa: "Quero nada que clareia / Quem clareia aqui sou eu." Dito e feito. A cantora era pura luminosidade em show baseado em seus dois últimos CDs "Encanteria" e "Tua". Foi em 2009.