Sobre o Blog

Esse blog tem por finalidade divulgar e valorizar as mais variadas e ricas formas de expressões artísticas, como artes visuais, cinema, dança, música, literatura, e sobretudo, teatro.

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

Os Melhores do Teatro em 2012

. EM NOME DO JOGO - Texto inteligentíssimo e fluentíssimo, direção notabilíssima de Gustavo Paso e atuações de grande categoria de Marcos Caruso e Erom Cordeiro (que entrou no lugar de Emílio de Melo), fizeram da peça de Anthony Shafer, a melhor montagem teatral de 2012. É quando o teatro transcende o palco e atinge mente e alma do espectador. No Teatro Maison de France.

 2. 6 AULAS DE DANÇA EM SEIS SEMANAS - Os ótimos atores Suely Franco, no auge de seus 55 anos de carreira, e Tuca Andrada, cativaram e encantaram; divertiram e emocionaram numa comédia-musical de grande empatia e imediata capacidade de comunicação com a plateia. Espetáculo altamente recomendável, para os que acreditam no amor e na amizade, como os bens mais preciosos da vida. No Teatro Maison de France.

 3. SENHORA DOS AFOGADOS - A trama mais complexa de Nelson Rodrigues pelas várias misturas de temas polêmicos, como assassinato, suicídio, incesto, prostituição e misticismo, ganhou, e muito, ao ser transformada em musical, com composições de Chico Buarque, Djavan e outros. O Núcleo Experimental de São Paulo fez jus ao nome e proporcionou ao público carioca uma experiência marcante e experimental. No Teatro Glauce Rocha.

 4. QUASE NORMAL - Vencedor dos renomadíssimos Prêmios Tony e Pulitzer, o brilhante musical encantou o Rio de Janeiro, com tradução e direção fluentíssimas de Tadeu Aguiar em sua quarta parceria, com Eduardo Bark. O elenco todo esteve ótimo; mas é forçoso reconhecer que Vanessa Gerbelli dominou a cena. Se em outro musical "Emilinha e Marlene -As Rainhas do Rádio" (2010), Vanessa arrebatou pela delicadeza, como Emilinha Borba, em "Quase normal", a talentosa atriz arrebatou tanto pela delicadeza quanto pela força, como a mãe bipolar de uma família desestruturada psicologicamente. No Teatro Clara Nunes.

 5. A MARCA DA ÁGUA- Marcada por uma invejável qualidade artística, a encenação, apesar de simples, era altamente fascinante e muito funcional. Excelente o trabalho de visagismo de Renato e Rico Vilarouca, assim como a atuação de Patrícia Selonk, uma atriz notável, que ofereceu ao público mais um trabalho digno e exemplar, como uma mulher marcada por lembranças dolorosas do passado em virtude de uma hidrocefalia. Na Fundição Progresso.

 6. O DESAPARECIMENTO DO ELEFANTE - Uma mistura de humor pitoresco e paródia, caracterizada pela originalidade e fluência. Um trabalho de qualidade inegável, cujos méritos maiores pertencem à dupla de diretoras Monique Gardenberg e Michelle Matalon, que souberam proporcionar ao público uma montagem teatral, com fortes traços cinematográficos, tornando tudo ainda mais atraente. Na Sala 1 do Teatro Fashion Mall.

 7. A ARTE E A MANEIRA DE ABORDAR SEU CHEFE PARA PEDIR AUMENTO - Adaptado da obra do dramaturgo francês Georges Perec, a peça serviu como um prato cheio para Marco Nanini mais uma vez expor seu talento imensurável e dá seu habitual show, numa atuação ao mesmo tempo contida e explosiva. Destaque, também, para o texto, que serve como uma crítica sócio-econômica e ao sistema de trabalho existente, além das projeções de Batman Zavareze, e claro, da direção precisa de Guel Arraes. No Centro Cultural Correios.

 8. FREUD - A ÚLTIMA SESSÃO - A peça , que discute de maneira interessante a existência ou não de Deus por meio de um embate instigante entre psicanálise e religião, serviu para valorizar a inteligência e a capacidade de reflexão do espectador, provando que o teatro não deve ser somente a arte de divertir, mas também, ou sobretudo, a de fazer pensar. Texto inteligente, marcado por doses de ironia e sarcasmo, direção acertada de Ticiana Studart e interpretações irrepreensíveis de Hélio Ribeiro (Freud) e Leonardo Netto (Lewis). No Centro Cultural Correios.

 9. ESTA CRIANÇA - A Companhia Brasileira de Teatro , hoje, uma de nossas melhores, uniu-se a uma de nossas melhores atrizes, Renata Sorrah, e nos apresentou o texto inédito de Joël Pomerat dividido em dez cenas curtas, com histórias complexas sobre a relação entre pais e filhos. Na montagem excepcional, para o texto de um dos dramaturgos franceses mais respeitados da atualidade, além de Renata, brilhou Edson Rocha, Giovana Soar e Ranieri Gonzalez, sob a precisa direção de Marcio Abreu.

 10. ALLÔ DOLLY - É na soma das qualidades de todos os seus elementos: texto, direção, atuações, cenários, figurinos e outros, que resulta o sucesso de um espetáculo. E este é o caso do musical vindo da Brodway, com versão brasileira de Miguel Falabella, e protagonizado por Marília Pêra.
 MELHOR PEÇA: "EM NOME DO JOGO" (Antony Shafer)
 MELHOR DIRETOR: GUSTAVO PASO ("Em nome do jogo)
 MELHOR ATOR: GUSTAVO RODRIGUES ("Billdog")
 MELHOR ATRIZ: SUELY FRANCO "(6 aulas de dança em seis semanas")
 MELHOR ATOR COADJUVANTE: LÚCIO MAURO FILHO ("O Mágico de OZ)
 MELHOR ATRIZ COADJUVANTE: MARIA CLARA GUEIROS ("O Mágico de OZ")
 MELHOR CENÁRIO: O MÁGICO DE OZ (RogéRio Falcão)
 MELHOR FIGURINO: ALLÔ DOLLY (Fause Haten)
 MELHOR ILUMINAÇÃO: O MÁGICO DE OZ (Paulo César Medeiros)
 MELHOR TRILHA SONORA: A MARCA DA ÁGUA (Ricco Viana)
 PRÊMIO ESPECIAL: FUNARTE (Fundação Nacional de Artes) pelo projeto em comemoração ao centenário de Nelson Rodrigues, "A GOSTO DE NELSON", nos Teatros Glauce Rocha e Dulcina. (Reinaldo Lace, em 31/12/2012)
Por meio de uma parceria proposta pela produção, o projeto sociocultural PurArte, criado e coordenado por Reinaldo Lace desde 2003, embora, pretendesse retornar com suas atividades em maio, convida para: "O DEUS DA FORTUNA". A peça retrata uma parábola sobre o capital em seu estágio global de volatilização. Narra a história de Wang, um proprietário de terras afundado em dívidas, na China Imperial. Zao Ming, O deus da fortuna, surge à su frente e lhe desvenda o futuro com a condição de seja erguido um templo em sua honra. Local: Teatro Glauce Rocha (Avenida Rio Branco, 179, Centro) Data: 02/02/2013 Hora: 19h. Entrada franca Os interessados podem levar quantos acompanhantes desejar e responder este e-mail ou telefonar para 9514-2236 (VIVO) / 9106-1118 (CLARO) / 8806-7944 (OI) / 8039-4841 (TIM).
Por meio de uma parceria proposta pela produção, o projeto sociocultural PurArte, criado e coordenado por Reinaldo Lace desde 2003, embora, pretendesse retornar com suas atividades em maio, convida para: "A FAMÍLIA ADDAMS": O musical da Broadway tem textos originais de Marshall Brickman e Rick Elice (roteiristas de Jersey Boys, ganhador do prêmio Tony de Melhor Musical), músicas originais de Andrew Lippa, direção e concepção de Phelim McDe"rmott e Ju"lian Crouch e coreografia de Sergio Trujillo. Jerry Zaks é o consultor criativo. O musical foi produzido em Nova York por Stuart Oken, Furman Roy, Michael Leavitt e pela Five Cent Productions, em associação com a Elephant Eye Theatrical. A versão brasileira é assinada por Claudio Botelho e faz parte do Circuito Cultural Bradesco Seguros, que apresenta para o público brasileiro um calendário diversificado de eventos artísticos com espetáculos nacionais e internacionais de grande sucesso, em diferentes áreas culturais como dança, música erudita, artes visuais, teatro, concertos de música, exposições, etc. Sinopse – A Família Addams apresenta uma história original que é o pesadelo de todos os pais. Wandinha Addams, a última princesa das trevas, cresceu e se apaixonou por um doce e esperto jovem de uma família respeitável. Um homem que seus pais nunca conheceram. E como se isso já não fosse preocupante o bastante, ela confidencia ao seu pai e implora para que ele não conte a sua mãe. Agora, Gomes Addams precisa fazer algo que nunca fez – guardar um segredo de sua amada esposa, Morticia. Tudo vai mudar para toda família na fatídica noite em que eles oferecem um jantar para o namorado “normal” de Wandinha e seus pais. Charles Addams – O musical A Família Addams é inspirado nas criações do lendário cartunista americano Charles Addams, que viveu de 1912 até 1988. Em 1933, quando tinha apenas 21 anos, sua obra foi publicada na The New Yorker, e ao longo de quase seis décadas, ele tornou-se um dos colaboradores mais queridos da revista. Local: Vivo Rio (Avenida Infante Dom Henrique, 85, Glória. Tel.: 2272-2919) Data: 03/02/2013 Hora: 16h. Entrada franca Os interessados podem levar quantos acompanhantes desejar e responder este e-mail ou telefonar para 9514-2236 (VIVO) / 9106-1118 (CLARO) / 8806-7944 (OI) / 8039-4841 (TIM).

sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Convite



"Arte para mim não é produto de mercado. Pode me chamar de romântico. 
Arte para mim é missão, vocação e festa."  (Ariano Suassuna)


 
 PurArte convida para ver "A marca da água", por meio de uma parceria com a produção. A montagem teatral é uma das recomendadas pela Veja Rio.

A Marca Da Água

Montagem comemora 25 anos do grupo Armazém, uma das mais conceituais e conceituadas companhias teatrais do país.
O 25º espetáculo da Armazém Companhia de Teatro leva uma piscina de três mil litros para o centro do palco. A partir daí, o público acompanha a cabeça de Laura (a ótima Patrícia Selonk), que transborda memórias e poesias. O texto é assinado por Maurício Arruda Mendonça e Paulo de Moraes.

Sob a direção de Paulo de Moraes, o elenco é formado por Patrícia Selonk, Ricardo MartinsMarcos MartinsMarcelo Guerra e Lisa E. Fávero. A direção musical  é de Ricco Viana e a assinatura do videografismo é dos irmãos Rico e Renato Vilarouca. Completam a ficha técnica os notáveis Rita Murtinho (figurino) e Maneco Quinderé (iluminação).


Local: Espaço Armazèm (Rua dos Arcos, 24, Lapa)
Data 22/11/2012
Hora 20h.
 
P.s: Os que forem, por decisão da produção deverão chegar meia hora antes, isto é, às 19h30min., impreterivelmente. Ninguém é autorizado a retirar o ingresso na bilheteria, senão o coordenador do projeto sociocultural. Conto com a colaboração e compreensão de todos. E só poderão ser beneficiados os seguidores do blog PurArte (http://purartelace.blogspot.com). Vale ressaltar, que os ingressos foram limitados.

Os interessados responder este e-mail ou telefonar para 9514-2236 (VIVO) / 9106-1118 (CLARO) / 8806-7944 (OI) / 8039-4841 (TIM)

terça-feira, 16 de outubro de 2012

Convite: "Ensina-me a viver", com Glória Menezes



Arte para mim não é produto de mercado. Pode me chamar de romântico. 
Arte para mim é missão, vocação e festa."  (Ariano Suassuna)
 
 
O blog PurArte (torne-se seguidor http://puratrelace.blogspot.com) por meio de uma parceria com a produção convida para o sucesso de crítica e público "Ensina-me a viver", com Glória Menezes, a grande dama da Teledramaturgia Brasileira, e outros.

Ensina-me a Viver narra o encontro amoroso entre Harold (Arlindo Lopes) e Maude (Glória Menezes). Harold é um senhor de quase vinte anos, obcecado pela morte. Maude é uma menina de quase oitenta anos, apaixonada pela vida.Sensível, inteligente e rico, Harold não conheceu o pai. Convive com uma mãe indiferente e autoritária, numa relação desprovida de qualquer contato afetuoso. Atormentado, Harold tenta chamar a atenção materna simulando tragicômicas tentativas de suicídio. A quase octogenária Maude, ao contrário, tem uma paixão incomparável pela vida. Aproveita cada segundo de sua existência como se fosse o último. O contato entre esses dois não poderia ser mais inusitado e improvável, mas quando se encontram, a sintonia é imediata. Maude, cheia de alegria e positividade, ensina ao deslocado Harold os prazeres da vida e da liberdade. Ensina-me a Viver é uma tocante e bem-humorada história de descobertas, que leva o espectador a acreditar que simplificar a vida é o melhor caminho e que o amor continua sendo o melhor remédio.

"O Elenco está todo em sintonia com o texto. Arlindo Lopes tem atuação de ótima qualidade e Glória Menezes tem mais uma grande atuação no palco. A integração dos trabalhos de Arlindo e Glória é impecável e o espetáculo encanta o público com sua qualidade e seu calor” (Bárbara Heliodora, crítica teatral de O GLOBO)

"A  ótima química entre Glória Menezes e Arlindo Lopes gera risos e lágrimas na plateia. Se já achávamos João Falcão um diretor brilhante, agora acreditamos estar diante de um poeta da cena, também capaz de extrair irretocáveis atuações do elenco. Glória e Arlindo formam uma dupla deslumbrante. Ilana Kaplan  está irretocável e Augusto Madeira e Fernanda de Freitas dão um show de versatilidade em seus vários papéis. A trilha sonora é, sem dúvida, a mais criativa da atual temporada. ” (Lionel Fischer , crítico teatral da Tribuna da Imprensa).

Prêmio Qualidade Brasil:Melhor Espetáculo Drama
Melhor Diretor Drama: João Falcão
Melhor Atriz Drama: Glória Menezes
Melhor Ator Drama: Arlindo Lopes

Prêmio ContigoMelhor Atriz: Glória Menezes

Prêmio APTR (Associação dos produtores de Teatro do Rio de Janeiro)
 É recordista em
Indicado em sete categorias.
Melhor Espetáculo
Melhor Produção: Primeira Página
Melhor Diretor: João Falcão
Melhor Atriz: Glória Menezes
Melhor Atriz Coadjuvante: Fernanda de Freitas
Melhor Iluminação: Renato Machado
Melhor Figurino: Kika Lopes

Local: Centro Cultural João Nogueira (antigo Imperator - Rua Dias da Cruz, 170, Méier)
Dias: 26/10
Hora: 21h.
Ingresso: Só R$ 10, 00

Os interessados responder este e-mail, com a data de escolha, ou telefonar para 9514-2236 (VIVO) / 9106-1118 (CLARO) / 8806-7944 (OI) / 8039-4841 (TIM)

domingo, 16 de setembro de 2012

Teatro Crítica: "6 aulas de dança em seis semanas"


  
Teatro Crítica - "6 aulas de dança em seis semanas": Os ótimos Suely Franco e Tuca Andrada cativam e encantam; divertem e emocionam em peça teatral envolvente demais e de imediata empatia e comunicação com a plateia



                                       Sem afeto, a vida é insuportável

Quem for ao bonito e sofisticado Teatro Maison de France na cidade do Rio de Janeiro, para ver "6 aulas de dança em seis semanas", sairá com a alma repleta de emoção e alegria, além de satisfação. Assistir à montagem de "6 aulas de dança em seis semanas" é puro prazer. Do começo até o fim a peça entretém de forma divertida, sem ofender a inteligência do espectador, que se identifica logo com o que vê e ouve, e é conquistado pelas personagens de Suely Franco e Tuca Andrada. "6 aulas de dança em seis semanas" serve para nos lembrar que "a vida é a arte do encontro, embora haja tantos desencontros pela vida", como disse Vinicius de Moraes. Num mundo cada vez maias acelerado pelos avanços tecnológicos, as relações afetivas cada vez mas se dissecam e ser afetuoso e atencioso virou sinônimo de carente em busca de presença. Mas sabemos que presença só não basta. Que a presença seja companhia, pois a solidão é um campo demasiado vasto e doloroso para ser percorrido sozinho. O outro (Michel, personagem de Tuca Andrada), pode não tirar Lily (personagem de Suely Franco) da solidão, pois ninguém tira ninguém da solidão, senão você mesmo, porque ela é fator interno e não externo. Mas o outro pode fazer a caminhada ao seu lado, como companhia, e mais do que presença pura e simplesmente, diminuindo o sofrimento de quem tem solidão.

Sem a coragem de assumir sua solidão, Lily vive num mundo de invenções e na busca por companhia contrata um professor particular de dança. Este, cheio de disposição para viver, logo entra em choque com a senhora solitária, que o trata hostilmente no começo. Até que a cada passo se swing, tango valsa e outros ritmos musicais, os ritmos e os compassos dos seus corações se aproximam. Vem as trocas de confidências e surge entre os dois o sentimento indispensável a uma vida humana saudável: a amizade. E Lily e Michel, apesar da diferença de idade, sofreram perdas dolorosas e significativas em suas vidas. Ao partilharem essas dores, descobrem que tem mais em comum do que em incomum. "6 aulas de dança em seis semanas" esta aí para nos falar da necessidade e da urgência do afeto neste mundo onde tudo é vazio, transitório e descartável. E a desculpa é sempre a mesma: ocupações. A busca pelo melhor emprego gerando a acirrada competitividade, o mundo diante do computador esfriando as relações humanas e tornando o contato físico distante e raro; e sentimentos, como carinho, compaixão e solidariedade foras de moda. 

Tudo isso, os encontros entre as duas personagens, acontece sem pieguices. É onde a direção de Ernesto Piccolo se torna notabilíssima, evitando que tudo resvale no mais alto dramalhão. Ernesto Piccolo realiza aqui um de seus melhores trabalhos, como diretor teatral. Claro, que o fato de ter dois atores de gerações distintas, porém competentes, muito lhe favoreceu.
                                 Suely Franco e Tuca Andrada: perfeita sintonia

O cenário (Vera Hamburger) é bonito demais. Em tons brancos, com um mar ao fundo visto pela janela de vidro do apartamento de Lily é de rara beleza. Dos mais bonitos já vistos. O figurino (Claudio Tovar, sempre competente) é acertadíssimo tanto para Lily quanto para Michel. Aa cada mudança de ritmo pra as seis aulas de dança em seis semanas, o figurino varia. A iluminação (Wagner Freire) dá o tom exato e a coreografia de Carlinhos de Jesus é marcada pela simplicidade e passos tradicionais e corriqueiros. Porque, na verdade, as seis aulas de dança em seis semanas servem para tirar Lily da solidão, não, exatamente, para ensiná-la a dançar.

Os ótimos Suely Franco, ela no auge de seus 55 anos de carreira, e Tuca Andrada cativam e encantam; divertem e emocionam, num espetáculo altamente recomendável, sobretudo, aos que ainda acreditam no amor.

                                                                                                    (Reinaldo Lace, em 15/09/2012)

Teatro Crítica: "Em nome do jogo"

Teatro Crítica - "Em nome do jogo": Montagem imperdível para peça de Anthony Shaffer
      
"Sleuth" é o título original da brilhantíssima peça teatral de Anthony Shaffer, que no Brasil ganhou o nome de "Em nome do jogo". Trata-se de uma trama policial, recheada de suspense, cuja ação dramática construída inteligentemente desenvolve-se da forma mais elaborada no jogo de "caça e caçador" ou "cão e gato" entre as duas personagens, aparentemente de personalidades opostas, porém cheias das mesmas singularidades.

Anthony Shaffer construiu uma peça marcada pela dinâmica o tempo inteiro expondo suas habilidades de dramaturgo de forma excepcional e fascinante. As situações vividas pelas personagens sofrem variadas alterações, para desencadear a confrontação entre os mesmos de maneira hipnotizante, deixando o espectador atento a todo momento. As dualidades presentes nas personagens é muitíssimo bem elaborada e destacada na dose exata de humor e, sobretudo, suspense. Raramente, vemos nos palcos cariocas, ou de todo Brasil, peças policiais; portanto, só isso que pode ter sabor de novidade já torna válida a ida ao teatro. Mas, a encenação de "Em nome do jogo" é repleta de qualidades inquestionáveis, tornando a peça atraente e irresistível pelo conjunto.

                                       Duelo de interpretações

A direção surpreende por ser de um jovem de apenas 29 anos de idade chamado Gustavo Paso, pela segurança e competência. Seu trabalho é notório na exposição da cena como no rendimento do elenco, e tanto quanto nos momentos de comédia quanto nos momentos de drama presentes nessa trama policial. Merece aplausos.

O cenário (Ana Paula Cardoso e Carla Beri) é inventivo e deslumbrante. O ambiente é apropriado a todas as ações decorrentes e solta aos olhos do espectador pela beleza e funcionalidade. As duas cenógrafas realizam um trabalho impecável. Uma tela de vidro expõe o exterior da casa. É algo para ser apreciado. Enquanto uma escada para a entrada no imóvel e saída do imóvel dinamiza a ação dramática, tornando-a mais expressiva cenicamente. Uma estante de livros transforma-se num guarda-roupa num verdadeiro acerto de funcionalidade. As cores em tons sóbrios marcam a personalidade do dono da casa, um escritor de romances policiais, que se julga superior a todos e tudo e não admite perder de forma alguma. O cenário apresenta tanto a realidade da vida pessoal quanto da vida ficcional do escritor de romances policiais dono dacasa. O figurino (Teca Fichinski) é muito bom. O uso de adereços na construção do vestuário dos dois atores (personagens) são apropriados e característicos à ação proposta e/ou pressuposta. A iluminação (Paulo César Medeiro, sempre competente), desculpe-me pelo termo, joga luz sobre o que já é iluminado por si só. A trilha sonora (Caíque Botikay, sempre ótimo), dá densidade quando a cena pede e funciona apropriadamente como um todo.

As atuações formam um espetáculo à parte. Marcos Caruso, soberbo, e Erom Cordeiro (que entrou no lugar de Emilio de Melo estão indescritíveis. São duas atuações de grande categoria. Só a entrada de Marcos Caruso em cena no ínicio de tudo é altamente atraente. E a presença de Erom Cordeiro é cheia de variedade e vitalidade. Mas, variedade e vitalidade, também, não faltam a Marcos Caruso, que constroi sua personagem nos mínimos detalhes, atingindo uma tremenda precisão tanto na dramaticidade quanto na comicidade irônica.


Enfim, texto inteligente e fluentíssimo, direção notabilíssima e atuações de grande categoria fazem de "Em nome do jogo" fortíssima candidata a melhor montagem teatral de 2012. É quando o teatro transcende o palco e atinge a mente (inteligência) e a alma (sensibilidade) do espectador.  

                                                                                              (Reinaldo Lace, em 26/08/2012)