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Esse blog tem por finalidade divulgar e valorizar as mais variadas e ricas formas de expressões artísticas, como artes visuais, cinema, dança, música, literatura, e sobretudo, teatro.

domingo, 15 de agosto de 2010

Teatro Crítica - Recordar é viver

Sérgio Britto e Suely Franco jogam luz sobre peça pela primeira montada do dramaturgo estreante Hélio Sussekind.




Texto sem eficácia e direção sem soluções



Hélio Sussekind é autor de seis peças, e "Recordar é viver" é a primeira a ser encenada, revelando no teatro brasileiro um novo dramaturgo, cujas influências sofridas por Eugene O' Neall, Tennessee Willimas - ou só para nos determos no âmbito doméstico - Nelson Rodrigues e Jorge Andrade, são notórias. Mas essas influências estão apenas na indisfarçável predileção pelo tema familiar e seus conflitos. Pois, a escrita do novo autor nem de longe se aproxima da escrita dramatúrgica e do talento monumental dos autores citados acima. Hélio Sussekind constroi uma obra assumidamente realista, mas pouco evolutiva, e portanto, torna a essência do texto e sua ação sem grande desenvolvimento e sem possibilidades de soluções..

O autor criou uma peça que gira em torno de uma família, onde discussões e brigas deixam expostas feridas da alma nunca antes cicatrizadas. O universo dessa família é doentio e todos são dependentes uns dos outros para se sentirem vivos. O casal Alberto e Ana trocaram há muito a vida sexual e amorosa por embates que vão da acusação moral a agressões psicológicas. Os filhos João, Paula e Henrique são frutos nada sadios dessa união. Pena tudo isso ser mal definido e pouco desenvolvido.

A encenação revela um certo cuidado. O cenário (Lola Tolentino) é apenas correto. Assim como os figurinos, também assinados por Lola. A luz (Paulo César Medeiros, sempre ótimo) é funcional demais e dá a ênfase devida nas mudanças de lugares; o que é muito satisfatório.

A direção de Eduardo Tolentino de Araújo não está nenhum pouco à altura de seus trabalhos à frente do grupo Tapa e decepciona muitíssimo. Sua direção não apresenta medidas exatas, e tampouco, soluções para um texto sem as variações necessárias.


Sérgio Britto e Suely Franco se salvam em elenco fraco


Os filhos Camilo Bevilaqua, Ana Jansen e José Roberto Jardim têm interpretações muito insatisfatórias. Camilo Bevilaqua, como João, o filho mais velho e racional que enriqueceu por esforço próprio e finge não sofrer com a predileção do pai pelo filho mais novo, ainda tenta, sem sucesso, esboçar alguma linha interpretativa. Enquanto Ana Jansen, como Paula, a filha dos casamentos fracassados; e José Roberto Jardim, como Henique, o filho sonhador e depressivo, tentam tirar leite de pedra. O que é impossível. Isabel Cavalcanti, como Bruna, a namorada de Henrique, sofre do mesmo mal que Ana e Zé Roberto.

Do sexteto de atores, os veteranos Sérgio Britto e Suely Franco são os únicos que se salvam. Eles têm os melhores desempenhos. Mas temos de reconhecer que ela ainda é melhor que ele, embora a sintonia entre os dois que formam o casal Alberto e Ana, não fique de maneira alguma, prejudicada.


(Reinaldo Lace, em 05/08/2010)

Local: Centro Cultural Banco do Brasil (Teatro II)

Dias: qua. a dom.

Ingresso: R$ 10,00 (inteira) e R$ 5,00 (meia)

Até: 12/09/2010


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