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Esse blog tem por finalidade divulgar e valorizar as mais variadas e ricas formas de expressões artísticas, como artes visuais, cinema, dança, música, literatura, e sobretudo, teatro.

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Teatro Crítica - Doidas e santas

Peça estrelada por Cissa Guimarães é garantia de risos; sem maiores reflexões.



Desde o sucesso de público e crítica "Divã" (2005) estrelado por Lília Cabral que o teatro brasileiro vem se interessando cada vez mais por Martha Medeiros e seus textos. Quem acompanha a escritora gaúcha em sua coluna semanal no jornal O GLOBO reconhece em seus crônicas uma escrita simples e eficiente; direta e circunstancial na abordagem dos relacionamentos humanos e suas implicações. Martha não chega a ser profunda nas suas reflexões; o que não quer dizer que seja rasa. Ela apenas apresenta seus mais variados pontos de vista sobre a vida e seu cotidiano, deixando para o seu leitor a análise crítica das questões abordadas.

Fã confessa da escritora, a atriz Cissa Guimarães encomendou a Martha por e-mail um texto teatral para montar. Martha negou a encomenda, alegando não escrever para teatro. Mas, apresentou à atriz seu mais recente livro "Doidas e santas", que conta a história de uma psicanalista de meia-idade, que decide dar uma reviravolta em sua vida. Segundo Cissa Guimarães, era tudo o que ela queria e sentia necessidade de dizer no palco. Resta saber se era tudo o que o público queria ouvir e conhecer.

Uma coisa é um texto escrito para o teatro, outra coisa é um texto adaptado para o teatro Coube a Regiana Antonini a missão de transfornar "Doidas e santas" numa peça. E Regiana elaborou e desenvolveu a dramaturgia de "Doidas e santas", com mãos competentes, ressaltando o tom de comédia de costumes, valorizando os diálogos entre as personagens e dando-lhe levíssimos toques dramáticos.

Cissa Guimarães hesita entre a "doida" e a "santa"

A montagem em cartaz na pequena Sala Tônia Carrero do Teatro Leblon é eficiente e funcional. O cenário (Sérgio Marimba), com uma enorme estante branca ao fundo é mais que decorativo; sublinha a personalidade dos que moram naquele apartamento. Há ainda um sofá vermelho, onde quase toda a ação se desenrola. Os figurinos (Helena Araújo e Ernesto Piccolo) são corretos. Enquanto a luz (Jorginho de Carvalho) expõe a cena muito bem. E a trilha sonora (Rodrigo Pena), com Maria Bethânia cantando "O que tinha de ser", de Tom Jobim e Vinicius de Moraes, revela as faces e fases da persongem principal.

O ponto fraco da montagem é, infelizmente, a direção de Ernesto Piccolo, que parece não encontrar um caminho seguro. O começo é mal definido e seu meio repetitivo. O final é melhor; mas de modo geral, a direção não avança.

O elenco se entrega com disposição ao texto e demonstra prazer no que está fazendo. Mas, isso não é o bastante para bons desempenhos. Cissa Gimarães está hesitante entre a "doida" e a "santa" do título. Giuseppe Oristanio tem desempenho bastante modesto, como o marido. E Josie Antello, que se divide entre a mãe, a filha e a irmã, beira o caricato na busca pelo riso fácil e empresta o mesmo tom de voz à mãe e à filha.

Enfim, para quem busca um teatro de comédia sem maiores pretensões, mas que também não chega a agredir a inteligência do espectador, "Doidas e santas" é garantia de bom divertimento, sem maiores reflexões.

(Reinaldo Lace, em 24/05/2010)


Local:Teatro Vannucci (Shopping da Gávea - Rua Marquês de São Vicente, 52, Gávea. Tel.: 2274-7246)

Dias e horários: Qui. a sáb., às 21h30min. Dom., às 20h

Ingresso: R$ 60, 00 (inteira) e R$ 30, 00 (meia), qui. e sex. R$ 70, 00 (inteira) e R$ 35, 00 (meia), dom. R$ 80, 00 (inteira) e R$ 40, 00 (meia), sáb.

Até: 31/07/2011


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