Sobre o Blog

Esse blog tem por finalidade divulgar e valorizar as mais variadas e ricas formas de expressões artísticas, como artes visuais, cinema, dança, música, literatura, e sobretudo, teatro.

domingo, 18 de março de 2012

Teatro Crítica: "Judy Garland - O fim do arco-íris"



Um musical brilhante sobre a vida e a carreira de Judy Garland


O elenco é econômico. Formado por apenas três atores: Claudia Netto, Cláudio Botelho (no dia que PurArte viu o espetáculo Cláudio Botelho fez o papel de Anthony no lugar de Gracindo Júnior, que foi substituído por Francisco Cuoco recentemente) e Igor Rickli. E neste elenco econômico está grande parte da força e magia de "Judy Garland - O fim do Arco-íris".

Anthony é a síntese de todos os fãs da artista. E cada gesto de Claudio Botelho é devidamente pensado, o que torna seu desempenho rico. Igor Rickli é dos três o menos experiente. Seu porte físico pode esconder o ator que ele é. Mas inteligentemente, ele supera essa "barreira" e, com atuação segura e convincente, como Mickey Deans, o último dos cinco maridos de Judy Garland, faz-se notar. Mas "Judy Garland- O fim do Arco-íris" tem um nome que por si só pode resumir toda força e magia do espetáculo: Claudia Netto.


A estrela sobe

Claudia Netto para começo de conversa está só arrebatodora, como a diva Judy Garland. A atriz expõe toda sua força e energia no palco. Num papel difícil e cheio de nuances, ela se vale do talento de atriz/cantora e domina a cena. Plena. Absoluta. Magnética. Iluminada. Tal como como convém às etrelas.

Seu corpo, seus gestos, sua voz tomam conta do palco da Sala 1 do Teatro Fashion Mall. Vale dizer que por viver a grande estrela americana no fim da carreira, Claudia Netto precisou aprender a não cantar tão bem. Tarefa árdua. Cujo resultado, revela a categoria da profissional. Tudo isso se caracteriza numa "monstruosa" interpretação, que beira a tragicomédia nas cenas que remetem ao baixos da carreira de Judy, já viciada em álcool e marcada por fracassos.

Claudia Netto tem aqui, certamente, o melhor desempenho dos seus quase vinte anos de carreira. Mesmo que não esqueçamos a Dircinha Batista da juventude áurea no musical "Somos irmãs" (1998).


Montagem caprichada e elegante

A montagem apresenta o selo de qualidade da incansável dupla Charles Möller e Claudio Botelho, que se beneficia do bom texto e se apoia em cenários, figurinos e iluminação deslumbrantes.

A cenografia (Rogério Falcão) é extremamente funcional, serve tanto como um quarto de hotel como numa casa de shows, valendo-se de mudanças rápidas e eficientes, por meio de um giratório. Marcelo Pies acerta na escolha dos figurinos, e ao deixar de lado os exageros dos seus últimos trabalhos, dá o tom certo. A luz de Paulo César Medeiros é marcada pela beleza e a exatidão com que se é executada. A direção musical de Claudio Botelho é acertadíssima. E Charles Möller age com a sabedoria dos grandes diretores, utilizando sua direção a serviço do texto e favorecendo os atores em tudo. Sai-se muito bem em sua missão.

Mas é forçoso reconhecer que "Judy Garland - O fim do arco-íris" é Claudia Netto. Dificilmente ela superará Judy Garland em outro papel. Não por que falte capacidade e talento à atriz, mas por toda sua magnitude emprestada à personagem.








Reinaldo Lace, em 26/11/2011

Nenhum comentário:

Postar um comentário